A escrita adolescente como cena dos impasses do feminino

Autores

  • Maria Celina Peixoto Lima

Resumo

A questão da mulher, para Freud, não é solucionada, e o desejo feminino persiste até o fim de sua vida como um enigma: o que quer uma mulher? Lacan, no artigo La signification du phallus, retoma o conceito de “mascarada” de Joan Rivière para indicar a tentativa de elaboração da posição feminina pelo estabelecimento de uma ficção fálica, no velamento de um vazio insuportável. Trata-se aqui de analisar a escrita do diário adolescente como uma versão do véu que situa o feminino. Haveria na escrita do diário uma demanda, ao mesmo tempo, de exibição e de camuflagem, assim como uma espécie de promessa da possessão de algo precioso, guardado em segredo, a questão mesma do semblante, tal como é tratada por Lacan; jogo que testemunha o caráter simbólico do falo, pois ele se apóia justamente sobre o artifício do véu, que consiste em esconder para fazer existir. Este trabalho interroga a vocação da escrita a servir de cena à trama da feminilidade, na qual o apelo sedutor ao olhar sugere a insistência da imagem, e a expressão de elementos heterogêneos (desenhos, colagens, letras) revela o transbordamento do feminino além do contorno do texto. Palavras-chave: psicanálise, adolescência, escrita, feminino, letra.

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Biografia do Autor

Maria Celina Peixoto Lima

Psicanalista. Doutora em Psicopatologia e Psicanálise pela Universidade Paris 13. Professora do curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza. Membro correspondente da Associação Psicanalítica de Porto Alegre.

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Publicado

28.06.2007

Como Citar

Peixoto Lima, M. C. (2007). A escrita adolescente como cena dos impasses do feminino. Revista Subjetividades, 7(1), 29–43. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/1572

Edição

Seção

Artigos