Narrativas oníricas: O sonho como composição social e política

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v25i2.e15446

Palavras-chave:

narrativas oníricas, oniropolítica, sonhário, grupo de sonhos

Resumo

Este artigo, em um primeiro momento, propõe um levantamento bibliográfico das concepções sobre os sonhos e o sonhar em diferentes épocas e culturas para, a partir disso, sugerir um modelo de grupo forjado em uma composição coletiva dos sonhos. Objetivou-se, dessa forma, trabalhar as manifestações oníricas registradas ao longo dos séculos por diversas civilizações e povos, destrinchando os sonhos, que, mesmo atravessados por estranhamentos, mantêm uma íntima relação com a realidade humana – desde a tomada de consciência de si pelo ser humano, os sonhos que registram, de infinitas formas, seus costumes e cotidianos. Para isso, pesquisaram-se artigos científicos trabalhados pela neurociência, pelos estudos antropológicos de povos originários de diferentes continentes, pela arte e pelo campo do inconsciente a partir da psicanálise e da filosofia. O estudo, então, analisou textos sobre o onírico, e, na sequência, o objetivo em destaque abordou o sonho como ato coletivo e político, o que autores da psicanálise brasileira nomearam como oniropolítica. A partir da ideia do sonho como ato coletivo e político, foi proposta uma metodologia para uma modalidade grupal de cuidado e de estudos sobre o onírico, na qual os registros dos encontros se dão a partir de um diário de campo intitulado como sonhário. Tal modalidade grupal é apresentada e detalhada no artigo e operada por uma perspectiva de composição coletiva dos sonhos, tanto para fins terapêuticos quanto para desenvolver futuras pesquisas que interroguem o laço social e suas respectivas narrativas que dizem de seu tempo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mário Francis Petry Londero, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

Graduado em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS - 2008). Mestre em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS - 2011). Especialista em Saúde Mental pela Residência Integrada em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição (2013). Doutor em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS (2018), com estágio de doutoramento sanduíche pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal). Pós Doutor em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS. Docente do Departamento de Psicologia, Diretor do Serviço de Psicologia Aplicada (SEPA). 

Referências

Barros, L.P., & Kastrup, V. (2009). Pista 3 – cartografar é acompanhar processos. In E. Passos, V. Kastrup, & L. Escóssia (Eds.), Pistas do método da cartografia: Pesquisa-intervenção e produção de subjetividade (pp. 52-75). Sulina.

Beradt, C. (2017). Sonhos no Terceiro Reich – com o que sonhavam os alemães depois da ascensão de Hitler. Três Estrelas. (Trabalho original publicado em 1966).

Chemama, R. (2007). Os desafios de uma apresentação de caso (a propósito do Homem dos Lobos). Scriptura 3: Leitura do Homem dos Lobos, 3, 6-22. https://www.eepsicanaliticos.com.br/revista-scriptura

Deleuze, G., &Guattari, F. (1997). Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia (Vol. 2). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1980).

Dunker, C., Perrone, C., Iannini, G., Debieux, M. R. & Gurski, R. (2021). Sonhos confinados: O que sonham os brasileiros em tempos de pandemia? Autêntica.

Fanon, F. (2008). Pele negra, máscaras brancas. EDUFBA. (Trabalho original publicado em 1952).

Fanon, F. (2022). Os condenados da terra. Zahar. (Trabalho original publicado em 1961).

Figueiredo, L. C. (2012). A invenção do psicológico: Quatro séculos de subjetivação (1500-1900) (8a ed.). Escuta.

Freud, S. (1990). Moisés e o monoteísmo. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras psicológicas completas deSigmund Freud (Vol. 23). Imago. (Trabalho original publicado em 1934-1938).

Freud, S. (1994). História de uma neurose infantil. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 17). Imago. (Trabalho original publicado em 1918).

Freud, S. (1996a). A interpretação dos sonhos. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 4). Imago. (Trabalho original publicado em 1900).

Freud, S. (1996b). Recomendações aos médicos que exercem a Psicanálise. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 12). Imago. (Trabalho original publicado em 1912).

Freud, S. (1996c). Totem e tabu. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 13). Imago. (Trabalho original publicado em 1913).

Freud, S. (1996d). Além do princípio de prazer. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 18). Imago. (Trabalho original publicado em 1920).

Freud, S. (1996e). O mal-estar na civilização. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 21). Imago. (Trabalho original publicado em 1930).

Freud, S. (1996f). Revisão da teoria dos sonhos. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 22). Imago. (Trabalho original publicado em 1932-1936).

Freud, S. (2011). Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920-1923). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1921).

Glowczewski, B. (2015). Devires totêmicos: Cosmopolítica do sonho. N-1 Edições.

Gurski, R. & Strzykalski, S. (2018). A pesquisa em psicanálise e o “catador de restos”: Enlaces metodológicos. Ágora, 21(3), 406-415. https://doi.org/10.1590/S1516-14982018003012

Gurski, R. (2019). A escuta-flânerie como efeito ético-metodológico do encontro entre psicanálise e socioeducação. Tempo Psicanalítico, 51(2),166-194. https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382019000200009

Jung, C. G. (1987). O eu e o inconsciente. (Trabalho original publicado em 1928).

Kehl, M. R. (2017, 01 de julho). Sonhos medonhos: Compilação dos relatos oníricos de cidadãos alemães sob Hitler retrata com nitidez o totalitarismo. Quatro Cinco Um. https://quatrocincoum.com.br/resenhas/historia/sonhos-medonhos/

Lacan, J. (2008). O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Zahar. (Trabalho original publicado em 1964).

Lawrence, W.G. (2010). O sentido social dos sonhos: A técnica da matriz. Summus Editorial. (Trabalho original publicado em 1982).

Limulja, H. (2022). O desejo dos outros: Uma etnografia dos sonhos Yanomami. Ubu Editora.

Oniropolítica (2020, 21 de maio). Pesquisadores de universidades públicas recolhem sonhos durante a pandemia. Jornal Sul 21. https://sul21.com.br/coronavirus-2/2020/05/oniropolitica-pesquisadores-de-universidades-publicas-recolhem-sonhos-durante-a-pandemia/

Pires, L.P. & Gurski, R. (2020). A construção da escuta-flânerie: Uma pesquisa psicanalítica com socioeducadores. Psicologia USP, 31, 1-10. https://www.scielo.br/j/pusp/a/ypMb5wvKSJ3cbcdLvvL59sq/

Ribeiro, S. (2019). O oráculo da noite: A história e a ciência do sonho. Companhia das Letras.

Santos, A.O. (2019). A tecnologia de gestão coletiva dos sonhos. Fractal: Revista de Psicologia, 31(1), 27-34.https://doi.org/10.22409/1984-0292/v31i1/5570

Sousa, E.L.A. (2023). Sonhos: Para não asfixiar a memória. Revista APPOA, 10 (10), 1-33.https://appoa.org.br/correio/edicao/337/8203sonhos_para_nao_asfixiar_a_memoria/1354

Downloads

Publicado

27.08.2025

Como Citar

Londero, M. F. P. (2025). Narrativas oníricas: O sonho como composição social e política. Revista Subjetividades, 25(2), 1–11. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v25i2.e15446

Edição

Seção

Estudos Teóricos