O digital como um novo discurso
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i1.e12826Palavras-chave:
saber, discurso, cultura digital, discurso capitalista, algoritmo digitalResumo
O presente trabalho decorre de hipótese de que a partir das mudanças culturais introduzidas pelos processos de digitalização da informação, tornou-se possível observarmos, na sociedade contemporânea, uma mutação no estatuto do saber, o que teve efeitos para a própria subjetividade. Partindo do matema do discurso do capitalista proposto por Jacques Lacan, assinalamos os elementos que caracterizam o novo padrão discursivo em curso na cultura digital em função de sua dinâmica animada pela lógica dos números, a ser nomeado como discurso digital. Buscaremos apontar em que medida é a mudança de estatuto do saber que nos permite inferir esta nova dinâmica discursiva. Assim, será feito um delineamento do que seja a cultura digital, indicada como efeito do novo formato assumido pelo capitalismo. Na sequência, serão traçadas as perspectivas assumidas pela noção de saber no âmbito do discurso capitalista. Finalmente, serão consideradas as mutações sofridas pela sociedade contemporânea com a entrada em cena da informação digitalizada e, mais especificamente do algoritmo digital, de modo a propor a emergência do discurso digital como sendo a mais recente versão do discurso capitalista. A partir de tais premissas, cabe indagar se estaríamos ainda diante do discurso do capitalista ou, de fato, de um novo discurso em que os elementos do laço social recebessem rearranjo inédito, isto é, um sexto discurso, nomeadamente, discurso digital.Downloads
Referências
Alves, M. A. S. (2019). O panoptismo digital: Reflexões sobre o poder na sociedade da informação. In M. A. S. Alves, & M. R. Nobre. (Orgs.), A sociedade da informação em questão: O direito, o poder e o sujeito na contemporaneidade (pp. 47-69). Editora D’Plácido.
Braunstein, N. (2010). O discurso capitalista: quinto discurso? O discurso dos mercados (PST): sexto discurso? A peste, 2(1), 13-165.
https://revistas.pucsp.br/index.php/apeste/article/view/12079
Bryant, L. R. (2008). Zizek´s new universe of discourse: politics and the discourse of the capitalist. International Journal of the Zizek Studies, 2(4), 1-48. http://zizekstudies.org/index.php/IJZS/issue/view/10
Danziato, L. J. B. (2015). Saber, verdade e gozo: Da função da fala à escritura. Tempo Psicanalítico, 47(2), 208-224.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-48382015000200014
Darriba, V., & D’ Escragnolle, M. (2017). A presença do capitalismo na teoria dos discursos. Ágora, 20(2), 543-558. https://doi.org/10.1590/1809-44142017002012
Deleuze, G. (1992). Conversações: 1972-1990 (Cap. 5, pp. 219-226, Trad. Perter Pál Pwlbart). Editora 34.
Gere, C. (2008). Digital culture (2nd ed.). Reaktion Books Ltd.
Jorge, M. A. C. (2002). Discurso e liame social: Apontamentos sobre a teoria lacaniana dos quatro discursos. In M. A. C. Jorge, & D. Rinaldi, Saber, verdade e gozo: Leituras de O Seminário 17 de Jacques Lacan (Cap. 1, pp. 17-32.). Rios Ambiciosos.
Kumar, K. (2006). Da sociedade pós-industrial à pós-moderna: Novas teorias sobre o mundo contemporâneo (2a. ed., Ruy Jungmann Trad.). Zahar.
Lacan, J. (1978). Discours de Jacques Lacan à l’Université de Milan le 12 mai 1972, paru dans l’ouvrage bilíngue. Lacan in Italia-Lacan en Italie 1953-1978 (pp. 32-55). Salamandra.
Lacan, J. (1992). O Seminário, livro 17: O avesso da psicanálise. Zahar.
Lacan, J. (1988). O Seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (4a ed.). Zahar.
Lacan, J. (1985). O Seminário, livro 20: Mais, ainda (2a ed.). Zahar.
Lacan, J. (1998a). Escritos (Cap. 7, pp. 869-892, V. Ribeiro Trad.). Zahar.
Lacan, J. (2003a). Outros escritos (Cap. 7, pp. 400-447, V. Ribeiro Trad.). Zahar.
Lacan, J. (2003b). Outros escritos. (Cap. VIII, pp. 508-543, Trad. V. Ribeiro). Zahar.
Lacan, J. (2005). O triunfo da religião: Precedido de discurso aos católicos (A. Telles Trad.). Zahar.
Lacan, J. (2008). O Seminário, livro 16: De um outro ao outro. Zahar.
Lacan, J. (2009). O Seminário, livro 18: De um discurso que não fosse semblante (V. Ribeiro Trad.). Zahar.
Lacan, J. (2011a). Estou falando com as paredes: Conversas na Capela de Sainte-Anne (Cap. 3, pp. 71-103, V. Ribeiro Trad.). Zahar.
Lacan, J. (2011b). Estou falando com as paredes: Conversas na Capela de Sainte-Anne (Cap. 1, pp. 09-38, V. Ribeiro Trad.). Zahar.
Lacan, J. (2011c). Estou falando com as paredes: Conversas na Capela de Sainte-Anne (Cap. 2, pp. 39-70, V. Ribeiro Trad.). Zahar.
Lemos, A. (2008). Cibercultura: Tecnologia e vida social na cultura contemporânea (4a ed.). Editora Sulina.
Lemos, A. (2009). O que é a cultura digital ou cibercultura?. In R. Savazoni, & S. Cohn (Orgs.), Cultura digital.br (Cap. 6, pp. 134-149). Beco do Azougue.
Lévy, P. (1999). Cibercultura (C. I. da Costa Trad.). Editora 34.
Lévy, P. (2015). A inteligência coletiva: Por uma antropologia do ciberespaço (Vol. 16, Coleção folha grandes nomes do pensamento, L. P. Rouanet Trad.) Folha de São Paulo.
Lima, N. L. de (2006a). Educação e ciberespaço: O conhecimento na era virtual. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 1(2), 1-14. https://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/File/revistalapip/NadiaLaguardia.pdf
Lyotard, J. F. (2008). A condição pós-moderna (10a ed., R. C. Barbosa Trad.). José Olympio. (Trabalho original publicado em 1979).
Lipovestsky, G. (2004). Os tempos hipermodernos. Barcarolla.
Mattelart, A. (2001). A era da informação: Gênese de uma denominação descontrolada. Revista FAMECOS, 8(15), 7-23. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2001.15.5399
Miller, J. A. (2015). Em direção à adolescência. Intervenção de encerramento da 3ª Jornada do Instituto da Criança UPJL. https://www.radiolacan.com/pt/topic/542/3
Miller, J. A. (2004). Uma fantasia. [Conferência de Jacques-Alain Miller em Comandatuba]. Oitavo Congresso da Associação Mundial de Psicanálise AMP, A Ordem Simbólica no Século XXI.
Miller, J. A. (2012). Os seis paradigmas do gozo. Opção Lacaniana Online, 3(7),1-49. http://www.opcaolacaniana.com.br/nranterior/numero7/texto1.html
Milner, J. C. (2012). L’universel em éclats: Court traité politique 3.Verdier.
Morozov, E. (2019). Big Tech: A ascensão dos dados e a morte da política (C. Marcondes Trad.). Ubu Editora.
Nobre, M. R. (2014). Realidade virtual, realidade psíquica na pós-modernidade: Um encontro com Freud na infinitude fantasística do ciberespaço. Editora CRV.
Nobre, M. R., & Lima, N. L. (2019). Algoritmos, matemas e o sujeito: O discurso, do desejo ao gozo. In M. A. S. Alves, & M. R. Nobre (Orgs.), A sociedade da informação em questão: O direito, o poder e o sujeito na contemporaneidade (pp. 99-122). D’Plácido.
Sibilia, P. (2008). O show do eu: A intimidade como espetáculo. Nova Fronteira.
Souza, A. (2003). Os discursos na psicanálise. Companhia de Freud.
Teixeira, A. (2016). O saber como mercadoria na universidade. Lacan XXI: Revista Fapol Online, (1),1-5. http://www.lacan21.com/sitio/2016/04/16/o-saber-como-mercadoria-nauniversidade/?lang=pt-br
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Subjetividades
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Para autores: Cada manuscrito deverá ser acompanhado de uma “Carta de submissão” assinada, onde os autores deverão declarar que o trabalho é original e inédito, se responsabilizarão pelos aspectos éticos do trabalho, assim como por sua autoria, assegurando que o material não está tramitando ou foi enviado a outro periódico ou qualquer outro tipo de publicação.
Quando da aprovação do texto, os autores mantêm os direitos autorais do trabalho e concedem à Revista Subjetividades o direito de primeira publicação do trabalho sob uma licença Creative Commons de Atribuição (CC-BY), a qual permite que o trabalho seja compartilhado e adaptado com o reconhecimento da autoria e publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores têm a possibilidade de firmar acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada na Revista Subjetividades (por exemplo, publicá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial na Revista Subjetividades.
Os autores concedem, ainda, à Revista Subjetividades uma licença não exclusiva para usar o trabalho da seguinte maneira: (1) vender e/ou distribuir o trabalho em cópias impressas ou em formato eletrônico; (2) distribuir partes ou o trabalho como um todo com o objetivo de promover a revista por meio da internet e outras mídias digitais e; (3) gravar e reproduzir o trabalho em qualquer formato, incluindo mídia digital.
Para leitores: Todo o conteúdo da Revista Subjetividades está registrado sob uma licença Creative Commons Atribuição (CC-BY) que permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato) e adaptar (remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim) seu conteúdo, desde que seja reconhecida a autoria do trabalho e que esse foi originalmente publicado na Revista Subjetividades.