A Finitude da Existência - De Sartre à Psicologia Clínica
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v23i1.e12333Palavras-chave:
Sartre, finitude, singular, universalResumo
Com este artigo queremos mostrar como a Literatura pode contribuir com a formação e consequente atuação do psicólogo clínico para que ele possa aprender a ver e ganhar paciência na lida com a experiência humana. E assim, pela descrição das experiências próprias aos contos e romances, esse profissional possa enriquecer o seu repertório de possibilidades no acompanhar das experiências singulares. Para tanto, o caminho que seguimos, na construção deste texto, consistiu em destacar, no conto O Muro de Sartre, suas considerações sobre a morte anunciada. Por um caminho fenomenológico-hermenêutico pudemos realizar um estudo reflexivo sobre o conto e a clínica psicológica. Assim, primeiramente, suspendemos fenomenologicamente os posicionamentos atuais sobre a morte, como algo que diz respeito ao impessoal e que pode ser adiado. Pra que assim possamos deixar aparecer outros modos singulares de lida com a finitude anunciada ao acompanhar as experiências singulares frente à própria morte de cada uma das personagens do conto. Em uma postura hermenêutica, mostramos o modo como cada um é afetado pela morte e é atravessado pela luta do homem moderno contra a finitude da existência, não se tratando, portanto, de uma experiência que nasce em uma subjetividade encapsulada. Por fim, com este estudo, tentamos trazer contribuições da prosa sartriana à formação e, consequente, atuação na clínica psicológica. Sartre ensina e exercita o clínico no exercício do ver, pacientemente, diferentes modos de apropriação do anúncio da finitude, experimentados singularmente pelo jovem Juan, pelo racionalista Tom, o médico Belga, e pelo revolucionário Pablo.
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