Sujeito e Objeto na Clínica Psicanalítica: A Função do Resto
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i1.e12158Palavras-chave:
psicanálise, resto, sujeito, clínicaResumo
Este artigo aborda a função do resto na psicanálise, a partir do enlace dialético entre a teoria e a clínica. Trabalhamos a noção de que um tanto da experiência com o corpo não se inscreve de que há um resíduo, um impossível de ser dito. Esse resto, elidido e excluído, pode se materializar na forma de um corpo abjeto, expressão de um modo de ser não legítimo socialmente. Um corpo marginal que causa horror fora do ideal de normalidade, de felicidade ou da vida saudável. Tais formulações, então, surgem da escuta clínica e à clínica retornam enquanto questionamentos e inquietações sobre o fazer psicanalítico com o resto. Tomamos como objetivo, neste artigo, discutir alguns dos efeitos da formulação de Lacan (1962-63/2005) a respeito do objeto a, no fazer da psicanálise. Primeiramente, vamos recorrer à elaboração de Freud (1915/2004) a respeito da pulsão, numa articulação com o que Lacan formulou sobre o resto como causa de desejo. Em um segundo momento, trabalharemos com a especificidade e a subversão própria à clínica psicanalítica, pautada na escuta do sujeito de desejo. Para isso, recorreremos a esta outra implicação entre Lacan e Freud: a questão da clínica freudiana e a do sujeito em Lacan, passando por sua elaboração sobre a letra. Argumentamos que a análise vislumbra saídas pela via da escrita do resto, no limiar da letra, convocando à invenção de um saber-fazer com o real. Propomos, portanto, que não há clínica sem que se considere o avesso, o imundo, o marginal e o horror.
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