Autolesões na Adolescência: Do Desamparo à Construção de uma Demanda
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i2.e11820Palavras-chave:
autolesão, adolescência, demanda, desejo, desamparoResumo
O presente trabalho foi construído a partir do estudo de um caso atendido durante a Especialização em Psiquiatria e Psicanálise com crianças e adolescentes no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trata-se de um caso de uma adolescente de 13 anos que se autolesionava por meio de cortes em seu corpo. Tal prática, que consiste em autoinfligir cortes ou outros tipos de escarificações ao próprio corpo, vem crescendo na contemporaneidade, principalmente entre adolescentes. Visamos aqui, a partir do caso atendido, trazer aportes teóricos a respeito dessas questões através de uma revisão bibliográfica de autores que trabalham a autolesão na adolescência, pensada como recurso frente à angústia e ao desamparo do “adolescer”. No caso da paciente atendida, os cortes se relacionam a demandas insatisfeitas dirigidas principalmente a sua mãe, que, ao longo dos atendimentos, foram se desdobrando como um apelo ao Outro, por olhar e escuta. Hipotetizamos que o processo analítico possibilitou que a paciente passasse de uma demanda alienante ao Outro, através dos cortes, a uma demanda em nome próprio elaborada por ela pela via da palavra, onde se impõe uma marca do desejo que a implica subjetivamente.
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